Hoje é o dia em que se comemora o
nascimento do neurologista e pai da Psicanálise, Sigmund Freud, e por esse
feito (ser o Pai da Psicanálise) também é celebrado o Dia da Psicanálise ou do
psicanalista se preferir, se for da Psicanálise, comemoramos hoje o aniversário
desta jovem senhora de 123 anos, criada desde muito, mas apresentada
oficialmente ao mundo através do texto “A Interpretação dos Sonhos”, lançado em
1900. Muita coisa aconteceu de lá para cá e as demandas observadas no século
passado se transformaram em outras coisas, a Psicanálise adaptou-se e hoje não
para, não para bens, nem maus, não para na pista, nem no tempo, hoje é dia de
agradecer a Freud pelo seu legado, e a cada psicanalista que se envolve com seu
desejo delegado pelo seu próprio processo analítico e compromisso com o lugar
onde vive e de onde vem. A todos e todas que se dedicam, que (se) questionam,
que (se) irritam, que acreditam, aos que duvidam, mas que ainda assim e que
a-pesar de tudo seguem fortalecendo uma forma de ler o mundo chamada
Psicanálise: Não para bens. Avante!
Um Diário de Quase Todo Dia
Vou usar esta ferramenta para desabafo pessoal, tentarei através deste blog mostrar um pouco de como eu penso a vida que vivo.
sábado, 6 de maio de 2023
Parabéns Psicanálise (!?)
quinta-feira, 2 de março de 2023
Não passarão!
A expulsão do vereador caxiense xenofóbico pelo seu partido é mais do
que necessária, porém ainda é pouco... Xenofobia é crime! E quando um
representante do povo reproduz um discurso como esse é imprescindível que ele
seja punido, pois não podemos mais admitir esse tipo de comportamento sendo
disseminado impunimente. O problema, entretanto, é a estruturação de um status
quo, presente nas fétidas entranhas da nossa sociedade. Lembremos o nosso
Ministro Silvio Almeida que nos diz em livro “Racismo Estrutural” o seguinte:
Portanto, entender a
dinâmica dos conflitos raciais e sexuais é absolutamente essencial à
compreensão do capitalismo, visto que a dominação de classe se realiza nas mais
variadas formas de opressão racial e sexual. A relação entre Estado e sociedade
não se resume à troca e produção de mercadorias; as relações de opressão e de
exploração sexuais e raciais são importantes na definição do modo de
intervenção do Estado e na organização dos aspectos gerais da sociedade.
“Falta de cultura pra cuspir na
estrutura”, foi o recado do Raul, tão atual na compreensão do letramento
político da população, para dar condições reais de combate a reprodução de
manifestações xenofóbicas, racistas, sexistas, compreendendo que enquanto
permitirmos de forma mansa, atitudes como as do vereador caxiense Sandro Fatinel
pouco coisa mudará em nossa sociedade de maneira efetiva e concreta, pois
entender como se engendra a manutenção do tácito acordo branco de poder é a
única forma de fazer frente às desigualdades ainda tão pungente entre nosso
povo.
Uma sociedade que se alimenta do lucro e do
preconceito de raça vendido como liberalismo meritocrático, na verdade,
está impondo o “capitalismo racial”. (Pacto de Branquitude” – Cida Bento)
quarta-feira, 25 de janeiro de 2023
O novo parece velho!
Hoje completo quarenta e seis anos e estou me sentindo novo... Pode parecer estranho, mas é tudo inédito pra mim, eu nunca tive quarenta e seis antes, a partir de hoje o que virá será pela nova idade. Novidade, ainda que se amontoando em cima de outras experiências, ressignificando-as, tudo será novo, eu sou um velho novo e percebo que neste devir o novo não se cessa, pois é de novo, de novo e novamente, uma nova mente se projeta a partir de hoje. Quero dar os parabéns a todo mundo que vive em mim, quero falar com meu amor e do meu ódio em ser quem sou, em achar que sei, em oscilar dentro de mim, cambaleando entre tantos eus. Trôpego que sou do eu... e doeu e dói, mas passará, assim como a vida que passou até aqui, me fazendo ser quem nem sei, mas acho que sei: parabéns, para que os bens não parem e que os males também, há que viver as vicissitudes de ser eu incompleto, ser humano.
segunda-feira, 31 de outubro de 2022
Day after!
O
dia de ontem começou tenso, estranho, com um sobressalto, um susto sem razão –
pelo menos, acho melhor não querer racionalizar acordar às 6h no domingo... E o
dia foi passando, com um Q de ansiedade e esperança. Ainda pela manhã,
atravessei a cidade de moto e fui votar, 13 verde, 13 verde e depois apareceu
na tela da urna eletrônica a palavra “FIM”, ledo enganinho! Na verdade, era só
o começo, mas também podemos pensar que era o começo do fim de um período
nefasto para a democracia, a economia, a política, para a história deste enorme
e diverso país. Ontem senti orgulho de ser nordestino e não foi um sentimento
recorrente, foi novo. Nova também era a esperança, renovada a partir da aposta
num futuro melhor. Luis Inácio “Lula” da Silva foi reeleito em segundo turno,
na eleição mais apertada da história do Brasil; eis que agora ele tem pela
frente um enorme desafio de unificar um país que “confia desconfiando”, mas
esse é um grande país e não pode ser visto como algo a ser salvo por uma única
pessoa, TODOS temos responsabilidade pelo futuro que queremos, precisamos
partilhar boas atitudes, boas condutas, começar a construir bons hábitos,
pensando na máxima de que JUNTOS SOMOS MAIS FORTES. Em agosto de 2018 fiz um
texto intitulado: “Você é mais forte que o medo! E outras razões para não
votar no “Messias”... e nesse texto escrevi:
A plataforma de governo do Jair Bolsonaro é o medo, esse
medo que temos de viver num país perverso, corrupto, inseguro e inescrupuloso,
mas o problema é que as promessas que ele faz para promover a nossa
"segurança" são vazias em sua essência, pois ele simplesmente não
acredita na equidade entra as pessoas(eu pensei em escrever igualdade, mas a
verdade é que não somos iguais e essa é a "magia" de viver em
sociedade: respeitar os diferentes, porque também o somos, mesmo sem entender,
respeitar as limitações e as potencialidades dos outros).
Ontem demos um passo
importante em direção à coragem, vamos fazer valer o nosso voto de confiança.
Acordei mais leve, mas não completamente feliz, pois saber que o crescimento do
bolsonarismo é algo real no nosso
país me deixa extremamente triste, porque esse é um sintoma importante do nosso
povo, uma reação sistêmica, de “retorno do recalcado”, como diria Freud, só que
no caso de uma sociedade é extremamente preocupante e perigoso.
Entretanto vencemos! E
mesmo que não esteja completamente feliz, estou bastante feliz. Te convido a
unir forças, a partir de hoje (o dia seguinte) começar a ser a mudança que
queremos ver em cada um, pois isso se espalhará por onde passarmos e com
certeza fará de nosso país um lugar melhor e mais justo.
sexta-feira, 10 de setembro de 2021
Somos muito bons em sermos maus.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2020
Tchau Jajara!
Se a vida é uma Escola, há realmente professores que são infinitamente melhores que outros, são verdadeiros MESTRES, pois ensinam não apenas com as palavras, mas com exemplos, nos mostram possibilidades onde sequer enxergamos uma tentativa. Dentre tantos bons professores, a vida me deu um presente que eu simplesmente usufruía e agradecia, absorvendo cada pérola de conhecimento que ele me presenteava, um gigante preso num corpo de 1,68m, um preto, mestiço, com nome de índio: Ubirajara (que em Tupi significa "Senhor da vara"), "Bira" para alguns, "Jajara" pra mim. Um exemplo de como é possível viver a vida espalhando por onde passa coisas boas. Humano, portanto imperfeito, mas que dentro da sua humanidade estimulava o melhor nas pessoas, pelo menos em mim, são incontáveis as lições e aprendizados que ele me ensinou, me mostrou como ser mais, apesar das dificuldades que a vida nos impõe, mostrou com seu exemplo que podemos SER humanos e deixar nossa marca no mundo.
Obrigado Jajara, por ter sido um dos melhores mestres que a vida me apresentou. Mais do que um tio, um tutor, um exemplo, eu sempre te considerei um irmão. Que sua alma tenha paz!
quarta-feira, 28 de outubro de 2020
Precisamos escutar para além do silêncio
O suicídio é um soco forte e seco no
meio do nosso rosto, daquele pesado, que parte o septo nasal, tira a noção de
equilíbrio, enche a boca e garganta de sangue enquanto lateja e nos asfixia. O
suicida é aquele que sofre por ser quem é, aquele que não vê esperança num
futuro da humanidade, muito menos em si próprio futuro dentro desta humanidade
que o oprime, o cerceia e que de várias formas não o escuta. O suicida corta a
carne da sociedade com lâmina cega, deixa com sua morte a culpa para todos que
o ignoraram, para absolutamente todos que se perguntam "por quê?"...
O suicídio é, além do grito endurecedor
do silêncio, uma forma de revolta contra o sistema, é um sintoma de que algo
não está bem, em Veias Abertas da América Latina, Eduardo Galeno escreveu:
"Alguns escravos se suicidavam em grupo; ludibriavam o amo "com sua
greve eterna", como diz Fernando Ortiz." É fácil perceber o quanto a
nossa sociedade é hipócrita e opressiva, entretanto não podemos esquecer que
NÓS somos essa tal sociedade, é como escreveu Renato Russo "Não quero
lembrar que eu minto também… eu sei", a vida urge, mas a realidade
claudica, mancando sem firmeza e impulsionando nosso caminho para o que Freud
nos alerta em Além do princípio do prazer (um texto de 1920 e que completa cem
anos), texto de onde Lacan constitui boa parte das suas elucubrações,
trazendo-nos o conceito de gozo no seu Seminário 17: "Pois o caminho
para a morte - é disso que se trata, é um discurso sobre o masoquismo, o
caminho para a morte nada mais é do que aquilo que se chama gozo" O
gozo, de forma simples, é o curto-circuito da energia pulsional, o ponto onde a
repetição cola, não permitindo passagem para o desejo. O suicida age como se
estivesse preso numa corrente de alta voltagem fulminado por não conseguir quebrar
o seu ciclo de sofrimento. Ele não pode, não consegue se soltar e sucumbe pela
incapacidade de representar simbolicamente o seu sofrimento. Outrora escrevi um
aforismo e hoje reescrevo aqui: "Mais do que falar sobre o suicídio,
precisamos escutar quem se sente impelido a cometê-lo", escutar quem
sofre é dar condições para que se insira no simbólico, e na sociedade como um
todo, a voz de quem sofre em silêncio; quem sabe assim, ao invés de buscar a
morte, quem quer se matar, possam encontrar uma nova forma de enfrentar a vida.