Vou usar esta ferramenta para desabafo pessoal, tentarei através deste blog mostrar um pouco de como eu penso a vida que vivo.
sexta-feira, 28 de julho de 2017
Que Palestra foi aquela?
Estava eu em um ciclo de três palestras intitulado "O Professor, o Aluno e o Novo Ensino Médio" promovido pela Editora Moderna no dia 22 de julho de 2017, cheguei no horário combinado(8h), mas não tinha nem sinal de que iria começar naquele momento, na verdade tinha um "breakfast" nos esperando e fomos convidados a entrar no auditório 8:50h, eu tive a curiosidade de olhar no relógio, antes de entrar... Pois bem, depois de esperar mais uns quinze ou vinte minutos, para que todos se acomodassem, o preposto da Editora Moderna proferiu suas palavras introdutórias, onde agradeceu a presença dos professores, coordenadores e gestores, depois apresentou toda sua equipe de colaboradores e, finalmente, chamou ao 'palco' a professora doutora Emília, que após contar um pouco sobre sua carreira profissional (os caminhos acadêmicos que percorreu até chegar ali) falou: "Eu vou falar um pouco de mim enquanto pessoa, sou casada... é eu consegui" falou isso com uma satisfação "estranha" dando um soquinho no ar; foi aclamada com aplausos. Seguiu falando que tinha dois filhos e contextualizando sua história de vida ao propósito acadêmico e correlacionando tudo ao tema que se propunha. Depois de sua palestra entrou a professora Solange, que iria discutir a nova reforma do ensino médio e o suporte técnico oferecido pela editora aos docentes, mas antes de qualquer coisa disse entre risos na sua introdução: "Eu sou casada, tenho dois filhos, eu consegui também professora", risos e aplausos ecoaram no recinto e eu fiquei pensando. Por que isso é tão importante? Antes do início da palestra fiquei pensando "onde estão os alunos de um evento que se chama 'O Professor, o Aluno e o Novo Ensino Médio'?" por si só essa pergunta já renderia um texto, uma reflexão, mas depois das falas das referidas senhoras eu fiquei pensando outra coisa... algo que curiosamente havia falado há exatos dois meses com minha namorada, o fato de que a sociedade prima por alguns padrões onde estabilidade e sucesso financeiros atrelados a uma família bem constituída, de preferência um casal com dois filhos e um cachorro, são sinônimo de plenitude... Falei que era um modelo norte-americano, mas muito bem aceito e incorporado a nossa sociedade colonizada e "copista", mas na verdade, o buraco é mais embaixo, pois é um modelo religioso, baseado em dogmas que de certa forma marginaliza quem não o atinge, como se fosse verdade que isso, e apenas isso, fosse suficiente e decisivo. Isso acaba parecendo ser a única 'receita para a felicidade', aceita, independente de como as pessoas destas "famílias" estejam se sentindo, não importando se há felicidade nestes núcleos familiares, não importando se há união nestes núcleos. Seria bacana entender que há muita gente que não comunga desses sonhos e são sim felizes, é uma pena(na verdade uma galinha inteira) que esse tipo de pressão social oprima e forme tantas pessoas frustradas por não se acharem capazes de compor e manter uma bela família feliz, tão comum nos comerciais de margarina.
Fiquei sem entender mesmo, pensando nas que "não conseguiram"(ou casarem ou manterem seus matrimônios), será que elas são menos professoras? Menos qualificadas? Menos felizes? Menos mulheres? Como não consigo responder, por enquanto fica registrada aqui minha indignação sobre o discurso que parece carregar uma mensagem subliminar opressora e desnecessária.
quarta-feira, 26 de julho de 2017
O Conforto do Ar Condicionado
Hoje pensei sobre o porquê das pessoas quererem que as outras sigam a mesma fé que elas, sob seus dogmas e leis... Nesse instante, me ocorreu que a fé é o que acho que é bom, é onde sinto-me confortável, portanto eu vou querer que outras pessoas experimentem essa sensação e também tenham o que tenho; sendo assim, comparei a religião ao ar condicionado, ao qual eu amo a temperatura baixa que ele proporciona em meu quarto. Sei que talvez não seja a melhor analogia, mas é a minha: meu quarto com o "ar" ligado a 19 graus centígrados, essa é a minha zona de conforto, onde me sinto bem e a acredito que todo mundo deveria ter um ar condicionado em casa, ou ao menos em seus quartos.
Vamos continuar, então, a seguir com esse improvável raciocínio: as pessoas do meu convívio sabem que gosto da temperatura e do ambiente do meu quarto, porque vez por outra falo de como me sinto bem ali, e sobre as vantagens de ter um ar condicionado em casa, no carro, no trabalho... Pois bem, eu estou em casa, e recebo uma visita de uma pessoa querida e próxima, obviamente, se ela é próxima e querida farei "sala" a ela em meu quarto, entretanto essa pessoa é intolerante ao frio que os meus confortáveis 19 graus proporcionam e sente-se mal no ambiente onde fico feliz e radiante. Neste caso, há três soluções possíveis: 1a. -Ela vai ter que ficar "comendo o friozinho" dela porque não vou deixar o meu conforto por causa de seja lá quem for... 2a. -Eu vou pra sala e aguento um pouquinho desse inferno que é o ambiente sem ar condicionado por respeito a diferente sensibilidade desta pessoa ou, 3a. -Eu reduzo o frio e convivo com minha visita de forma que um respeite a limitação do outro.
Entretanto, eu pus-me a pensar numa visita da minha família, minha querida família de vinte e três pessoas, que amo... e como eu queria muito que todos estivessem comigo no meu quarto, mas eles não cabem confortavelmente ali dentro, ainda mais porque minha tia Anatália não fala com meu tio Armênio há mais de oito anos e a convivência seria improvável(acho que foi o milagre do ar condicionado que os uniu aqui em casa), seja como for, não é possível que todos fiquem ali comigo e eu terei que aceitar que não posso fazer com que todos que amo desfrutem do conforto que me apetece.
Além dessas situações que citei, me veio a ideia de que eu obviamente nem todos poderão estar no meu quarto, mas algumas pessoas poderão adquirir um aparelho que acondiciona e resfria o ar, entretanto por diferentes razões outras pessoas jamais terão a sensação do ar condicionado, por falta de grana, por falta de teto ou até mesmo por falta de informação sobre a existência de tal aparelho e esses ignorantes (pessoas que ignoram a existência do aparelho) podem muito bem ser muito feliz, plenos e satisfeitos sem ele, vivendo seus calores, seus frios, suas inquietudes e suas tranquilidades sem saber quão bacana é estar a 19 graus centígrados.
Assim enxergo as religiões, como algo que é importante, imprescindível para uns e irrelevante e fútil para outros, sendo que cabe a cada um escolher sua prioridade, de acordo com seu contexto social, econômico, político e emocional, se adaptar e adaptá-la a sua vida, pois é tudo muito particular e se temos sete bilhões de pessoas no mundo, temos sete bilhões de maneiras de interação com as suas sete bilhões de crenças, bom seria se pudéssemos ser sete bilhões de tolerâncias às ideias, posições, entendimentos e até mesmo possibilidades diferentes.
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