Hoje conversei com colegas sobre a situação dos alunos das escolas onde leciono, eles começaram o papo dizendo das suas frustrações em tentar introduzir qualquer tipo de conteúdo, conceito, ou ideia nas cabeças de seus pupilos. Eu ponderei antes de me pronunciar, pois estava vendo um certo tom de revolta nas falas dos meus colegas de trabalho, porém depois de ouvir um pouco foi inevitável tecer um comentário acerca do que venho observando em relação a o que os nossos alunos fazem hoje em dia, quando se trata de aulas: Eles não querem assistir aulas. Não dá pra entender o motivo, parece que uma pequena parcela da população estudantil tem consciência do seu papel enquanto estudante, e ao falar nisso lembro-me de mim mesmo na época de Escola, eu lembro que quando preenchia qualquer papel que me perguntava sobre minha profissão, eu tinha orgulho em escrever “estudante”, meu pai não me pagava para eu estudar, mas ele pagava para eu estudar, eu tinha horários a cumprir, na escola e em casa, tinha que organizar o tempo das minhas brincadeiras para poder ler e responder os deveres de casa, queria responder o questionário na sala para que meus professores soubessem que eu estava trabalhando direito; a minha recompensa não era financeira, mas eu sempre ganhava, no final de cada bimestre, de cada unidade letiva eu percebia que o meu esforço era recompensado com minhas boas notas e com o sorriso(mesmo discreto) de meu pai quando dizia: “Você não fez mais do que sua obrigação passando na unidade”, isso era minha “paga”, isso me fazia sentir orgulho do meu labor. Eu não sabia ainda o que eu queria ser quando crescesse, mas sabia que gostava de aprender coisas novas, eu gostava de ver os professores com tanto conhecimento sobre tão diferentes coisas, eu achava que um dia, quem sabe, eu pudesse entender um pouco do que eles estavam falando e ficava realmente feliz quando conseguia. Hoje eu sei que os professores nem sabiam tanto, que eu nunca saberei o quanto gostaria, mas sei também que o fascínio que tive em minhas áureas épocas escolares faltam para os alunos que frequentam as escolas na atualidade. Tento fazer diferente em minhas aulas, chamar atenção para questões do cotidiano, trazer temas atuais para serem discutidos nas salas, mas ainda assim sinto a resistência em discutir algo com base filosófica, quando muito os alunos brigam entre si, tentando impor sua opinião sobre as dos outros, não sabem o que é, nem respeitam a democracia e o direito de expressão do outro. E mais ainda(e pior de tudo) não sabem qual o seu papel na sociedade, não tem fascínio por nada que se refere à Escola, não querem estar ali, não sabem porque estão ali, e isso só me deixa enquanto educador muito triste.
Mantenho minha esperança viva, tento( como aquele beija flor da historinha) fazer a minha parte, levando, ou pelo menos tentando levar um pouco de paixão para dentro da sala de aula, buscando que meus discípulos, educandos, pupilos, alunos entendam que só através da educação, boa vontade e da força de vontade é que poderemos transformar a realidade que nos cerca e assim “afetar” o nosso entorno para vivermos de forma mais digna, cidadã, responsável e feliz.
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