Vou usar esta ferramenta para desabafo pessoal, tentarei através deste blog mostrar um pouco de como eu penso a vida que vivo.
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
Meu, meu, meu...
Acho que estou começando a entender um pouco sobre as angústias das pessoas, não as existenciais e profundas, mas as funcionais, aquelas que emperram o cotidiano, que consomem e entristecem de forma mais frequente e corriqueira. Tenho observado, notado, anotado, lido, estudado e conversando com as pessoas; parece que o cerne da questão é o ter, ou seja, o sentimento de posse... Não que isso seja de todo ruim, o pertencimento, ter seu espaço e seu lugar nesse espaço, é bom! Ver-se como parte de algo (família, emprego, igreja, ou qualquer outro grupo) te dá maior engajamento nas causas relacionadas a este grupo, mas o "ter" ao qual me refiro, que considero um problema o ligado ao sentimento de posse, refere-se aos relacionamentos entre pessoas...
Tem mais ou menos três ou quatro semanas que ouvi alguém falando que foi uma enorme humilhação para sua mãe, ter que ver seu pai sendo enterrado pela ex-mulher, porque eles (o pai e a mãe) não eram oficialmente casados; outrora ouvi também que o rapaz precisava casar com a moça para que a ela fosse garantido o direito de enterrá-lo quando do seu falecimento, caso contrário a mãe(e/ou a família dele) tomaria posse do corpo e faria tudo à revelia do "amor" que o casal sentia um pelo outro. Nos dois exemplos acho que mais importante que ter o amor do outro era ter O OUTRO em si, é como se não ter o documento de posse (nesse caso o "contrato" de casamento) retirasse de quem se ama toda prerrogativa do sentimento propriamente dito. De fato, no meu entender, a preocupação ali está focada no corpo sem vida, no cadáver, numa angústia de um futuro que(apesar de inevitável - a morte) não deveria estar tão fortemente arraigado como condição para a felicidade no presente. É estranho como as pessoas buscam tanto pela apropriação dos pronomes possessivos, é triste quando acham que têm alguém e é muito mais triste, e preocupante, quando se tem certeza de que tem. As pessoas “trocam” pelo tempo da eternidade efêmera, o "eterno enquanto dure", não se pode acreditar que o estabelecimento de um contrato formal forneça aos contratantes a garantia de amor eterno, fidelidade, exclusividade em nenhum aspecto, pelo simples fato de sermos HUMANOS e, assim sendo, pessoas susceptíveis a falhas, a desejos (que necessariamente não são falhas) e ao efeito do convívio com outras pessoas. Seria tão mais fácil viver o amor, sem tantas cobranças, sem a obrigatoriedade de ter o outro, sem a necessidade de mostrá-lo como um troféu numa cerimônia pública, “ostentar” a companhia, mas isso tudo é muito difícil, fomos criados para termos as coisas e infelizmente também as pessoas, tenho ciúmes do meu irmão que tem mais atenção do que eu, do meu pai, da minha mãe, do(a) meu(minha) colega, do meu amigo, da minha amiga, namorado(a), marido, esposa, o mesmo ciúmes que tenho da minha camisa preferida, do meu celular, do meu violão, do vídeo game, do meu livro preferido do sapato ou do vestido lindo que não uso nunca (mas também não empresto)... Colocamos pessoas e coisas no mesmo patamar quando usamos os pronomes possessivos (meu e minha) e desenvolvemos outro sentimento corrosivo quando invejamos ou depreciamos o que é "seu" ou "sua"(pelo simples fato de não ser "meu"), e neste jogo de poder, nessa ânsia em possuir perdemos o tempo de amar, de doar, de permitir...
Que sejamos e façamos AMOR.
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