Vou usar esta ferramenta para desabafo pessoal, tentarei através deste blog mostrar um pouco de como eu penso a vida que vivo.
quinta-feira, 19 de abril de 2018
"Puta só, Ladrão só!"
Acho que todo mundo um dia na sua vida já ouviu esse ditado, da mãe, da avó, ou da tia(uma figura masculina de referência também pode ter entoado esta frase, mas elas são mais comuns de serem ouvidas vindas de mulheres) e, corrijam-me se estiver errado, este “dito” vinha(ou vem) quase sempre num contexto onde o interlocutor falava(ou fala) sobre a má influência que certas companhias poderiam lhe causar… Quem nunca né?
Recentemente ouvi esta máxima da sabedoria popular e fiquei a pensar, por que puta e ladrão? E óbvio que a explicação se dá no contexto explicitado acima, ou seja, numa sociedade de pessoas com caráteres ilibados, como a nossa (sqn), é claro que, para isolarmos o pior precisaríamos do pior, a puta como “representante mor da falta de escrúpulos de alguém que vende seu próprio corpo, sem se preocupar com nada além de si própria e do seu desejo e o do outro pelo prazer que ela lhe oferta” e o ladrão, “figura inescrupulosa que se compraz com a subtração de bens que não são seus, por mera satisfação dos desejos egoístas de consumo, ou simplesmente porque ele quer”; nos dois casos falamos de fazer valer o desejo. E o desejo é algo perigoso, irreverente e subversivo, que de toda forma deve ser isolado de tudo que é bom e puro, então nada mais “justo” que a puta e o ladrão fiquem sós. O que em linhas gerais significa que deve-se negar o desejo, viver o que foi popularizado por Sigmund Freud com o termo “castração”, viver castrado é viver no limite entre o que se deseja e o que a cultura garante como correto, há uma negação do prazer que a suposta realização do desejo proporcionaria, por isso, isolam-se a puta e o ladrão. E ao escrever isso, lembro que ouvi muito isso sendo dito também numa circunstância onde era melhor ficar sozinho(a) do que mal acompanhado(a), sendo assim o(a) ouvinte era personificado(a) como um ou outro, a saber a puta ou o ladrão.
Quero apenas deixar claro que não coaduno com o pensamento do dito senso comum em relação à meretriz e ao usurpador, vejo-os muito mais num contexto social do que meramente pessoal e isolado e, em sendo assim, nem tão puta, nem tão ladrão(conforme descrevi acima). A grande questão que me fez sentar aqui para escrever foi somente fazer pensar sobre esta célebre frase que, como todo dito popular, trás sabedoria e reflexão em seu bojo. Poderão até dizer que sou do contra porque sempre achei que a puta no puteiro e o ladrão numa quadrilha teriam mais chance de êxito, não concordando assim com a frase em questão, entretanto os tempos são outros e a puta só e o ladrão só refletem também um almejo social pela individualização das pessoas, pelo isolamento social que estava sendo preparado desde o tempo em que vovó dizia essa frase, pois tudo hoje é regido pela solidão, tanto a puta, como o ladrão, quanto a beata e o policial, se fecham em seus mundos e seguem a máxima do aleijamento que protege, entretanto putas e ladrões, freiras e “polícias”, são mais fortes enquanto coletivo, sós são estatísticas, juntos são comunidades e grupos, pensemos sobre isso, respondam-me se não for incômodo(e mais ainda se for), pois sozinho não consigo chegar a uma conclusão plausível para discussão tão boba e ao mesmo tempo tão profunda...
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Kkkkk muito bom refletir sobre frases tão repetidas diariamente, fazer algo não convencional pode, desde q sozinhos, sem testemunhas... como se fosse possível é normal! Concordo q o fortalecimento está no coletivo e não na individuação. Essa também é uma forma de perpetuar a marginalização , no sentido de deixar a margem, o q a sociedade fez e faz com aqueles q não dão conta.
ResponderExcluirAcredito que os substantivos utilizados no dito popular enfatiza o estilo de vida autêntico que cada um escolhe viver de forma que a singularidade exige um certo isolamento por preservação de suas escolhas, sejam elas "boas" ou "mas".
ResponderExcluirAssino com você
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