Vou usar esta ferramenta para desabafo pessoal, tentarei através deste blog mostrar um pouco de como eu penso a vida que vivo.
quarta-feira, 27 de novembro de 2019
Quando é muito raso, é razão... A psicanálise é um mergulho mais profundo!
Outro dia li: "Eu prefiro ter paz do que ter razão"... e é a partir dessa frase que eu comecei a pensar como é difícil não ter razão, pensei como é difícil num sentido um pouco mais analítico da questão, pois a dificuldade vem da nossa criação enquanto seres humanos, somos educados para ter razão, até porque essa razão acabou ficando associada à certeza, dissociada da emoção, dicotomizada como se sentir fosse "errado", algo que pudesse ser "corrigido" pela razão, pois agir com razão é fazer o que é certo e todo mundo quer estar certo. Entretanto a grande questão repousa no fato de que para estarmos certos alguém tem que estar errado e se não somos nós "com certeza" é o outro. Aí tudo fica mais simples, o outro erra e nós sofremos, "pagamos o pato" por "erros" que sequer cometemos.
Como é difícil encarar suas imperfeições, limitações e erros, mas como é extremamente necessária essa mirada em nós mesmos, nos afastarmos das certezas e das razões para encarar a fragilidade dos nossos atos e até mesmo a estupidez de algumas das nossas ações. É muito possível se questionar sobre o que somos e onde erramos, entender que podemos ser melhores ou simplesmente aceitar algumas das nossas imperfeições, mas quando essa possibilidade não se faz tão óbvia sozinha, podemos (e acho até que devemos) buscar ajuda, alguém com quem possamos conversar sem se sentir julgado, alguém que esteja ali para escutar, sem querer ter razão ou nos enquadrar em alguma premissa onde o caminho certo vem de suas palavras, mas simplesmente nos fazer questionar nossa lógica, nossas certezas e abrir nossos olhos para nos vermos melhor.
O poeta nos disse "paz sem voz, não é paz é medo", então que possamos falar e afastar o medo de estar errados, assumir responsabilidades sobre coisas que fazemos e que também deixamos de fazer, pois para ter paz não é preciso ter razão, é preciso ter coragem.
domingo, 27 de outubro de 2019
Desperta-dor
O despertar é algo misterioso, "morremos" enquanto estamos dormindo, independente de por quanto tempo ou quão profundo é o sono; independente também do tipo de sono (ausência de realidade) que estamos tendo, o despertar é algo misterioso! Esse sono pode ser um torpor desperto, uma abstenção volitiva dos sentidos, na esperança de aliviar sofrimentos silenciar o que de fato importa, o que pode mudar efetivamente uma vida, e em sendo assim, teme-se despertar, encarar a si de olhos bem abertos diante do espelho.
Saber sobre nós é acordar, entrar em acordo, em consonância com forças que nos movem além do simples querer, mas enxergar o desejo é difícil, arriscado e, porque não dizer, perigoso; e por 'peri-gozo', pode se ler "ao redor do gozo", onde esse gozo é o sono, a morte de sentidos, no afã de fazer sentir, mas será que só sentir basta? Sentir qualquer coisa de qualquer jeito? Girar, rodar com os olhos fechados e os braços abertos. E o que se quer com isso? Cair em si? Cair de si? Seja como for, antes da queda ficar-se-a tonto e terá a certeza ao parar de que o mundo gira, sem que você controle isso.
Cada vez que o desperta-dor tocar, o mundo te chama de volta à realidade, e você revive, ou "re-vegeta", sem ser senhor(a) de si, preso em convicções e certezas vans, mas para sair do lugar do sono (mortal e paralisante), faz-se necessário que se quebrem os paradigmas, que seja o que melhor você pode ser para si próprio, e só assim o mundo, o seu mundo, lhe será imensamente grato, pois terá você acordado, e se dado às cores que o despertar lhe oferece.
domingo, 20 de outubro de 2019
O Passado é História!
Não podemos esquecer a história, pois se ela tem uma "função" é a de nos ensinar sobre nós mesmos, enquanto indivíduos, enquanto sociedade, enquanto seres humanos. Faze-mo-la em cada escolha que decidimos, fazendo-a no presente, buscamos referências no que ocorreu, para aprimorarmos e tentarmos evitar erros que necessariamente nem foram nossos. Padrões se repetem, ou ao menos tentam se repetir, e superar este ciclo, romper esses paradigmas é um importante desafio para quem deseja trilhar o caminho da autonomia e do verdadeiro questionamento sobre si, visto que não é fácil se impor diante de alguns dogmas tão fortemente estabelecidos pela sociedade. O passado é história e, mais do que isso, é lição de história, não aquela que se conta para dormir, mas aquela que se escreve na subjetividade da ação de ser humano, pois historiciar é se colocar como agente do que faz a gente ser gente.
Ignorar a história é correr o risco de repetir os mesmos erros do passado, enquanto que se prender meramente aos fatos do passado, sem aprender as lições e transformar a partir do que eles ensinam é tão somente se perder num tempo que não condiz com o presente. Há uma linha muito tênue entre passar pelo passado e se prender a ele; essa linha passa pela nostalgia, pelas memórias afetivas e constitutivas da nossa persona e pelos traços indeléveis que marcam na carne o nosso lugar no mundo, entretanto pensando nisso, retomo à metáfora que tanto gosto sobre o parabrisa e o espelho retrovisor, pois olhar pelo retrovisor nos dá segurança sobre o que passou ou sobre o que nos (per)segue, mas o que importa mesmo é o que está a nossa frente, onde queremos chegar, acredito que por essas e outras os parabrisas são maiores que os retrovisores.
Considerando uma leitura psicanalítica do que foi escrito até aqui, podemos pensar em conceitos como retorno do recalcado, fantasma e fantasia, de forma bem superficial diríamos que o "retorno do recalcado", equivale à "volta dos que não foram", algo que se encontra reprimido forçando a barra para se fazer ouvir. O fantasma seria aquela manifestação que só tem voz a partir dos "vivos", pois o fantasma em si, só se manifesta a partir de alguém que fale com ele, que o veja e que o dê voz, como um ventrículo que dá vida ao seu marionete. Já a fantasia entretanto, tem mais uma relação com a alienação, ou seja, com a incapacidade de criar sua própria narrativa em oposição ao desejo do Outro, algo que demanda certo "manejo" para que possa ser transposta e que afinal, nos constitui enquanto "verdade".
Guiar a vida é estar atento às sutilezas da história, revisando o passado, mas transformando-o em novos textos, a partir dos novos contextos do presente, numa perspectiva de que o futuro pode sim ser diferente historicamente, até porque cada um e todos nós podemos aprimorar nossa existência sobre a face da Terra a partir do que vivemos e da leitura que fazemos dessas vivências.
sábado, 24 de agosto de 2019
Força ou Fraqueza?
Neste exato momento não sei se sou forte ou fraco, ou se sou simplesmente humano, no sentido restrito, limitado e simbólico da palavra. E de onde advém esta dúvida? De uma promessa(vazia pelo jeito) que fiz a mim mesmo de que não me permitiria mais me apaixonar, de que não seria mais levado pelos encantos de outrem; neste instante sinto que fraquejo diante da graça, da beleza, da inteligência e da força de uma mulher inigualável, incomparável, improvável e, diante de minha fraqueza, quase intocável. Entretanto, somos humanos por contradição e, por essa natureza ambígua, sinto-me forte o suficiente para ter coragem de aceitar o desafio de me permitir ceder aos confusos, arrebatadores e até corrosivos sentimentos que me tomam nesse instante, e em vários outros instantes recentes da minha desprogramada vida, minha árdua e amada vida...
Melhor do que saber da força ou da fraqueza, melhor do que ponderar sobre a indecisão, sobrepõe-se a irremediável possibilidade de viver, então... Vivo! Vivo fraco, vivo forte, com saúde, em conflito, vivo em paz e vivo mais, mas acima de tudo, compreendendo que para que eu viva de verdade, eu preciso viver apaixonado.
quinta-feira, 6 de junho de 2019
Não há como VIVER sem se arriscar!
Impossível é viver sem rabiscar planos que nunca sairão do papel, e como é difícil não viver os papéis que nos são impostos dentro do teatro da vida, escritas na rotina, já descrita, riscada por outras pessoas e arriscada por alguém antes de nós. O fogo arde nas entranhas dos âmagos amargos, na impossibilidade de dizer o que não se tem palavras para descrever, mas que clama ser dito. Bendito seja o risco, que risca a tela traduzindo o indizível e a paz que traz a luz que, a um passo da queda, nos mostra como sermos capazes de arriscar e de fazer valer a vida sem sentido, que nos chama à insanidade premente, com barulhos latentes e fatos tão pungentes. Que a vida nos prepare para a vida, que saibamos escolher as armas certas para empunhar quando o combate se fizer necessário, inevitável e que, se tivermos que morrer lutando, que os que ficarem entendam, e se não entenderem ao menos respeitem os nossos motivos, as nossas causas.
sábado, 9 de março de 2019
No Gerúndio
Como você foi “amada” ao longo da sua vida? Isso reflete na sua forma de amar, seus pais, demais familiares, seus amigos, seus relacionamentos afetivos, todos eles desde que você nasceu, te ensinaram seu “jeito de amar”; eu não sei como foi o seu, mas permita-me contar como foi o meu:
Eu fui acolhido em uma casa onde ninguém me conhecia, mas antes disso eu fui dado à adoção, e lá naquele lugar me deram “coisas”, atenção, alimento, educação, me deram exemplos de homens e mulheres que se respeitavam, que às vezes brigavam e discutiam entre si, mas que, acima de tudo, gostavam da companhia uns dos outros; eles chamavam aquela “situação” de família. Nas ruas onde morei, nas Escolas que frequentei e nos ambientes que convivi, eu tive amigos e eles demonstravam seu amor por mim compartilhando “outras coisas”, sorrisos, lágrimas, abraços, me ensinaram como o tempo é importante e como a vida é frágil, pois alguns me deram a morte como lição de vida.
Amor pra mim é dar amor, ensinando, aprendendo, querendo o bem e se irritando às vezes, quando a pessoa não compreendeu o que eu disse, mas mesmo assim torcendo para vê-la feliz, fazendo-a entender que estou ao seu lado nos momentos difíceis, e que também me alegro com suas conquistas, independentemente da proximidade física. Amar para mim é dar, dar humanidade às coisas que nos são caras e importantes. Amar é verbo transitivo não apenas pela sua ‘função sintática’, mas porque precisa do seu complemento no gerúndio, ele precisa estar acontecendo, amar é dar porque quando amamos estamos dando importância, atenção, alimentos, sorrisos, lágrimas, educação, broncas, cuidados, afetos e afagos no momento agora, que não por um acaso chama-se presente, damos o nosso melhor presente a quem amamos. Foi assim que eu aprendi; é assim que eu amo. Qual o SEU jeito?
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019
Sofrer ou não sofrer? Eis a questão!
A gente não quer sofrer, mas sofremos… A questão não é só a relação com os outros, mas com nós mesmos, o quanto de nós somos capazes de ceder, o quanto do que imaginamos e projetamos pode nos machucar e mais ainda, quão rápidos podemos sarar quando percebemos que todo o outro, cada detalhe dele(ou dela) está tão somente na nossa cabeça? Às vezes, somos “iludidos”, num sentido de nos nutrirmos de mentiras que nos são ofertadas nas três refeições e ainda nas horas dos lanches, mas quase sempre o sabor acusa o que colocamos para dentro: ou é muito salgado, ou muito forte, ou muito ácido, deveríamos atentar para a nossa percepção e ao sentir o (mal) gosto do que não gostamos e, simplesmente, cuspir fora, contudo e por vezes (não raro) fazemos disso que ingerimos(palavras, emoções, sentimentos, atitudes) parte de nós, colocando no nosso corpo algo que sabemos que não nos fará bem no futuro. Por outro lado há o amargo que cura, uma bolha com pus pulsa e dói e só vai passar se colocarmos aquilo para fora, quase sempre de maneira dolorosa, a dor forte e o alívio, a posteriori; ainda tem outras vezes só queremos a dor, pois temos a incrível capacidade de adaptação com o que é bom e também com as adversidades.
O que vem de fora é a realidade, o contraponto, o contrassenso, contra o nosso ideal, a nossa imaginação que é tão bem estruturada para ajeitar o mundo ao nosso bel prazer, e é aí que sofremos, não queremos confrontar o bom lugar da nossa zona de conforto mental com uma realidade pesada, dura e difícil, aí escolhemos o “menor” sofrimento, o que já estamos acostumados a sofrer e sem muitas novidades levamos a vida até sermos surpreendidos pela realidade de um outro lugar, outra situação, outra sensação, ou outro alguém e então nos vem o dilema de escolher, que sofrimento queremos sofrer...
sexta-feira, 25 de janeiro de 2019
Quarenta e Dois... Quem diria?
Pois Zé… Zé que sou eu mesmo, Fábio José, estou aqui mais uma vez pra escrever sobre a chegada da data mais louca do ano(pra mim), o dia em que celebro o meu aniversário. Hoje acordei pensando no amor, na dor, no torpor, no calor e também no suor, no sangue, nas lágrimas, alegrias, tristezas, principalmente nas pessoas, TODAS essas responsáveis por esses afetos, essas sensações e a relação delas com esta pessoa que vos fala(escreve). Bom ter podido errar, bom ter aprendido com os erros, bom ter sido acolhido e bem nutrido de sentimentos diversos, bom ter podido escolher o que julguei melhor, mais conveniente ou mais correto na dada circunstância em que tive que escolher. Mãe, Pai, parentes, amigos e amigas, colegas, alunos e alunas, “ex-qualquer coisa”(colega, aluno(a)), aos vivos e falecidos; eternos amores, quero agradecê-las e agradecê-los por me permitirem, ao longo desses 42 anos ter aprendido com vocês. Não quero escrever um "textão", não hoje… Quero apenas que saibam que se de alguma forma nos cruzamos no caminho da vida, você me ensinou algo, posso ter tido(ou estar tendo) dificuldade para compreender a ‘lição’, mas sei que este desafio de aprender faz parte do meu fazer humano e por isso vos digo GRATIDÃO ETERNA! Que a paz e o discernimento lhes sejam companheiros fiéis e, mesmo que se afastem por um ou outro instante, saibam onde vos encontrar.
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