Porque o Amor é burro, confuso, às vezes é surdo, ou se faz, outras vezes é cego, ou se faz. Ele se acha autossuficiente para gerir todos os outros sentimentos, e os demais acreditam nele por um tempo, mas ele é burro e confuso, não quer ver o que está diante de si, não quer ouvir os sons do coração partindo dentro de si, ou ao seu redor... E dilacera em fiapos almas, sonhos, ao mesmo temo que remenda esperanças e quereres e constrói pontes de algodão doce, sobre arco-íris e os loucos correm por elas, segurando sua mão burra e confusa.
Entretanto, não se pode negar que, no auge da sua confusão e burrice, o Amor é guerreiro, resistente, ignorantemente teimoso e tanto bate quanto apanha querendo vencer a Razão, sua maior inimiga, quando ela se aproxima, lenta e cirurgicamente para que eles pelejem. Bom é quando ambos dão as mãos e se permitem vez por outra intercalarem sua passagem pelas portas que se interpõem em seus caminhos, pois as portas não são largas, primeiro passa um e logo em seguida puxa o outro, só que Razão e Amor são ambíguos, visto que ele é burro e confuso, confuso como esse texto que cede a incompetência de uma mente limitada para analisar algo tão extremamente divergente como o amor com suas expressões que muito provavelmente estão longe do que sequer almeja ser esse sentimento difícil, forte, teimoso, burro, confuso, complexo, completo, que “por ser exato não cabe em si”, e que “por ser encantado revela-se”, como nas palavras do poeta.
Outro dia li que o Cupido não flecha o coração, mas os olhos, o que justificaria a máxima "O Amor é cego", mas ele não é cego(não sempre) ele é uma "coisa para ser sentida" e por isso não nos cabe reflexões sobre ele. Ambíguo, fatal como uma fera protegendo sua cria, ou afável lambendo sua cria, o Amor se faz incongruente e deixa que fiquemos aqui elucubrando sobre sua singularidade múltipla, deve estar rindo de mim que estou confuso tentando dizê-lo, enquanto ele permite apenas que o sintamos e que amemos senti-lo, na mesma hora e com a mesma intensidade que odiamos senti-lo...
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